Após confirmar transmissão da zika por pernilongos, Fiocruz coletará mosquitos em morros e áreas verticalizadas no Recife

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Pesquisa feita pela Fiocruz Pernambuco constatou que, além do Aedes aegypti, pernilongos comuns também podem transmitir zika (Foto: Marina Meireles/G1)
Foto: Marina Meireles/G1
Diante da constatação de que o pernilongo comum, popularmente conhecido como muriçoca, pode transmitir o vírus da zika, os pesquisadores da Fiocruz Pernambuco responsáveis pelo trabalho pretendem ampliar os estudos e entender a capacidade vetorial dos mosquitos, ou seja, acompanhar como a mutação do vírus ocorre dentro do organismo dos insetos.

A pesquisa em campo, feita inicialmente em áreas de circulação de pessoas com a doença, também será ampliada para detectar a incidência de pernilongos transmissores de zika em cada uma dessas regiões.

“Fizemos a pesquisa inicialmente nas residências das pessoas que tiveram zika e em áreas de grande circulação de pessoas, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Agora pensamos em ampliar os estudos de campo, coletando os mosquitos em regiões de morro, de planície e em áreas verticalizadas no Recife”, relata Constância Ayres, coordenadora da pesquisa.

Descrito em um artigo, o estudo, inédito no mundo e feito por uma equipe integralmente brasileira, foi publicado nesta quarta-feira (9) na revista científica Emerging microbes & infections, do grupo Nature.

“O que a gente não sabe ainda é a importância epidemiológica disso na natureza. Comparado ao Aedes aegypti, o pernilongo é um vetor primário ou secundário do vírus? Precisamos analisar outros aspectos da biologia do mosquito que vão nos responder essa questão”, explica Constância.

Coordenadora da pesquisa, Constância Ayres acredita que o resultado é um alerta para a necessidade de investimentos em saneamento básico (Foto: Marina Meireles/G1)
Foto: Marina Meireles/G1
Entre os meses de fevereiro e maio de 2016, os pesquisadores coletaram mosquitos dos tipos Culex e Aedes aegypti em áreas da Região Metropolitana do Recife (RMR) em que houve circulação de pessoas com zika, como residências e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Após análises laboratoriais, os estudiosos detectaram que o vírus da zika conseguia se replicar nos organismos dos pernilongos de três de 270 grupos do Culex. No caso dos mosquitos da espécie Aedes aegypti, o vírus estava presente em dois de 117 grupos coletados.

Coordenador da equipe de sequenciamento do genoma dos vírus encontrados nos pernilongos, o pesquisador Gabriel Wallau detalha que o material genético encontrado nos mosquitos Culex que circulavam no ‘campo’ é semelhante ao RNA encontrado nos mosquitos infectados em laboratório. “A partir desse sequenciamento, já podemos ter algumas ideias, mas precisamos ter mais dados para saber se o vírus se adaptou ao Culex”, relata.

Apesar de ressaltar que não são todos os pernilongos que podem transmitir o vírus da zika, Constância Ayres alerta para a necessidade de continuar os estudos para, por exemplo, desenvolver vacinas. “O zika veio para mostrar que a gente não sabe de muita coisa. Essa é uma oportunidade de investigar essa doença a fundo”, conta.

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