Coronel Ludugero (dir.) ao lado do fiel escudeiro, Otrope (Foto: Acervo/Walmiré Dimeron) |
Era com uma arma na cintura e um discurso direto que o caruaruense Luiz Jacinto da Silva se apresentava como o Coronel Ludugero. O personagem era uma sátira aos coronéis nordestinos e fez sucesso no rádio durante os anos 60 em Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
Nascido no bairro São Francisco, em setembro de 1929, o humorista chegou a trabalhar ajudando o pai a fazer celas de cavalo e em uma padaria, até exercer a função de entregador de telegramas para os Correios. O destino de Jacinto mudou quando ele chamou a atenção de José Almeida e Onildo Almeida, que tinham um programa na extinta Rádio Difusora.
"Zé Almeida vez por outra colocava 'Ludugero' para contar piada. Era muito engraçado. Isso foi crescendo na opinião pública. O povo gostou e ele se tornou um personagem indispensável no programa", disse o cantor e compositor Onildo Almeida, de 89 anos.
As histórias que o coronel contava divertia multidões e logo ele começou a se apresentar com uma grupo de humoristas. Com a trupe, ele fez shows de comédia em Caruaru e em outras cidades e estados do Nordeste. De maneira rápida, ele ganhou todo o país e chegou a trabalhar na extinta TV Tupi e na TV Globo.
Caruaruense, Luiz Jacinto levou o nome do município para todo o país (Foto: Acervo/Walmiré Dimeron) |
"Ludugero, pela sua desenvoltura, humor picaresco e também debochado, só encontrou páreo no caipira vivido por Mazaroppi no cinema. Na época, o Brasil brejeiro estava na moda, basta lembrar o furor que a estonteante Carmen Miranda fizera anos antes nos palcos e cinemas de todo o mundo", destaca o historiador e presidente do Instituto Histórico de Caruaru, Walmiré Dimeron.
Apesar de ser a atração principal das apresentações, o coronel dividia o sucesso com outros personagens como a esposa dele, Felomena, a filha Trubana e o secretário especial, Otrope, que era interpretado por Irandir Peres Costa. As situações vividas pelo grupo ocorriam em uma fazenda.
"Luiz Jacinto e Irandir Peres Costa, ou Ludugero e Otrope, conquistaram de forma perene um lugar de destaque no imaginário popular. São dois ícones de Caruaru e geniais artistas populares, que com seus quadros inesquecíveis, projetaram sua terra no Brasil inteiro", completa Walmiré.
Corpo de Luiz Jacinto em cortejo (Foto: Acervo/Walmiré Dimeron) |
Tragédia interrompeu a carreira do 'Coronel'
Em uma turnê de shows de humor, em 14 de março de 1970, Jacinto foi vítima de uma tragédia. O avião que levava ele e a trupe caiu no Pará e todos morreram. A queda deixou a aeronave nas águas escuras da Baía de Guajará-mirim.
O corpo de Jacinto só foi localizado no dia 30 de março. De acordo com o historiado, até hoje se fala que o cortejo fúnebre do Coronel Ludugero foi o maior realizado na cidade.
Primo segue passos na cultura popular
Nelson Lima é poeta e primo em segundo grar de Luiz Jacinto. Ao G1, ele conta que assistiu a um show do Coronel Ludugero e revela de como se recorda do primo. "Ele sempre foi muito cuidadoso com a família", lembra.
O contato de Nelson com Jacinto foi pouco, já que o poeta tinha entre 11 e 12 anos quando o humorista morreu. Mesmo assim, ele se inspirou no primo para seguir a carreira artística ainda na adolescência, quando criou o personagem Coronel Lundruguinha.
Nelson Lima caracterizado de Coronel Lundruguinha (Foto: Nelson Lima/Arquivo Pessoal) |
Em homenagem a Luiz Jacinto, Nelson produziu um cordel contando a história do primo. A obra será lançada ainda neste ano.
Nelson Lima atualmente é poeta e cordelista (Foto: Joalline Nascimento/G1) |
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